14
mar
10

I know what you are.

Nota: Este texto é baseado nos vampiros da Twilight Saga.

Todos dormiam enquanto ele preparava a ação. Oh céus, como adorava fazer aquilo… Sentou-se na cama do quarto de hotel no qual se encontrava. Conseguia ouvir tudo. Conseguia ouvir com certa clareza cada um dos duzentos habitantes do pequeno vilarejo. A mulher do dono reclamando com as cozinheiras. As cozinheiras xingando-a de vadia baixinho. Os hóspedes acordando. As mães preparando o café da manhã para suas famílias. As crianças reclamando de ter que acordar tão cedo. Ah, as crianças… Sempre sentia pena delas e se odiava por isso. Olhou para o relógio. 6Hrs da manhã. Sentiu uma repentina alegria enchendo-o. Sentiu-se vivo. Era um martírio ter que fazer isso apenas de dez em dez anos. Ele queria poder fazer isso todo dia.

Vestiu-se em silêncio. Um sorriso sádico nos lábios. Olhou-se no espelho. Sua aparência era incrivelmente encantadora. Um rapaz alto, forte, pálido, com cabelos preto-azulados e um par de olhos vermelhos, que denunciavam sua posição para qualquer um que não fosse idiota. Mas eles sempre eram… Respirou com calma.

– Você tem uma vida inteira para se arrepender disto… Ou não. – Sorriu para o próprio reflexo. Adorava ser o que era. Uma máquina de matar. Máquina de matar humanos. Humanos tão indefesos e idiotas… Adorava sua condição de vampiro.

As roupas, cuidadosamente escolhidas, caiam-lhe perfeitamente bem. All Star vermelho, calça jeans modelo skinny, uma camisa branca e um óculos wayfarer para esconder os olhos vermelhos. Ia matar todos, é verdade, mas queria matar com estilo. Gostava de ser admirado.

– Você sabe o que fazer, garoto. Cansou de fazer isso. É só não deixar ninguém vivo. – Piscou para si mesmo.

Pegou sua mochila em cima da cama. Desceu as escadas. A recepcionista do “hotel” sorria-lhe. “Humanas… Tão pateticamente volúveis…” pensou. Sorriu para a menina. Pagou-lhe o aluguel do quarto, conversou sobre banalidades, pegou o telefone da garota e saiu.

O sol ainda teimava em se esconder atrás das nuvens. Mas ele sabia como tinha que agir. Andou até a rua principal. Largou a mochila na calçada e esperou. Os moradores começavam a aparecer, aos poucos. O cheiro de comida no ar… Guardou-se por três meses para aquele momento. A sensação era a mesma de se perder no deserto e achar água alguns dias depois. Sentia-se tão perto do seu oásis agora. Os primeiros raios de sol iam vencendo as nuvens aos poucos. Andou até o meio da rua. Fechou os olhos e esperou. Um dos poucos carros vinha vindo pela rua. Ele ouvia os pneus ao longe. Começou a abrir a camisa, lentamente. Gostava de fazer a cena completa. Primeiro, o deslumbramento humano, aí o terror e a morte. Sem um dos três, não era a mesma coisa.

– Olha, o gostosão vai fazer uma strip-tease no meio da rua! – Uma adolescente cochichava para a outra. Ah, as adolescentes…

– Ele não precisa fazer isso na rua, pode ir lá em casa, se quiser. – As duas garotas riram baixinho entre si. Nem faziam ideia de que ele podia ouvi-las claramente. E adorou o que ouviu. Sinal de que estava conseguindo o que queria.

Botão por botão, abriu a camisa lentamente. Ouviu pneus cantarem à sua frente. Manteve os olhos fechados.

– Aê ô! Quer sair da frente, otário?! – O homem desceu do carro. Pelo pequeno tremor no chão, concluiu que era um cara absurdamente gordo. E foi quando aconteceu. Um raio de sol atingiu-lhe o peito nu. Sentiu, com um pequeno prazer, os raios aquecerem-lhe a pele fria. Pele, esta, que reluzia a luz do sol. Como se fosse encrustada com milhares de pequenos diamantes. – A Globeleza vai sair ou não?! Ô palhaço, tô falando com você! – Sentiu as mãos do homem empurrarem seu peito. Nada aconteceu.

– Você não tem ideia de onde se meteu, palhaço. – Sussurrou no ouvido do homem, antes de atira-lo longe com o mínimo esforço. Tirou a camisa. Sentiu os raios iluminando suas costas. Escutou uma pequena aglomeração ao seu redor. “É agora.”

Tirou os óculos lentamente. Gostava de fazer tudo devagar. Para os humanos não perderem um detalhe se quer. Faz parte do show.

Ainda de olhos fechados, escutou passos vacilantes de uma menina se aproximando. A mão trêmula da garota tocou seu peito frio, com delicadeza. Apreciou o toque. Sorriu maliciosamente.

– Como é que você faz isso? Caramba, você é tão… lindo.

Puxou a garota de encontro ao seu peito. Abriu os olhos. Seus olhos vermelhos se encontraram com os verdes da menina, que se assustou instantaneamente. Ele sentiu ela lutando para sair dos seus braços. Sentia o medo da menina.

– Vocês humanos são tão… idiotas.

O pânico se instalou no local. A menina ainda se debatia em seus braços. Os poucos ainda presentes ali, correram. Inclusive o gordo estressado. Sorriu ao ver o gordo se debatendo para correr com aquelas pernas pequenas.

– Ei, você aí! Estressadinho! Aonde pensa que vai? Você não pode fugir de mim. – Correu. Parou em frente ao homem. – Quem é o machão agora, hein? Você vai ser o primeiro. Você vai ser o meu… torresminho pessoal. – Assistiu com um certo prazer o homem se debatendo no chão. Caíra de susto quando ele aparecera na sua frente, do nada. – Isso não vai doer, eu prometo. – Sorriu malignamente mostrando os dentes. Levantou o gordo do chão sem esforço nenhum e cravou-lhe os dentes no pescoço. Sentiu o sangue do homem escorrer para dentro de sua boca. Não ouvia mais os gritos apavorados das pessoas ao redor e nem sentia o gordo socando-lhe cada parte do corpo que conseguia alcançar. A sede era grande. E estava sendo saciada. Todo o resto podia esperar. O sangue do homem tinha um gosto doce. Pura ironia do destino. Conforme o sangue descia pela garganta, sua pele esquentava. Seus sentidos se aguçavam. Sentia-se mais forte, mais invencível do que já era. Escutou quando o coração do homem parou de bater. Largou-o. Limpou a boca com as costas da mão.

Não havia mais ninguém na rua. Todos correram, com medo. Foi de casa em casa. Deliciou-se com cada cara de terror, cada objeto atirado contra ele, cada ofensa, cada crucifixo, cada vida implorada de um modo patético… Matou todos. De crianças a idosos. Não gostava de matar crianças, e muito menos os idosos. Mas deixa-los vivos seria o pior erro que ele poderia cometer. Essa é a regra. Matar todos.

Deixou a garota por ultimo. Não precisou procura-la. Ela veio ao seu encontro enquanto ele parava para apreciar sua pele reluzindo a luz do sol.

– Por que você fez isso? – Lágrimas contidas brilhavam no olho da garota.

– Porque eu posso. – Sorriu presunçoso.

– Você matou todos. Você é um monstro.

– É, talvez eu seja. – Abraçou a garota pela cintura, assustando-a. – Já pensou, um dia, como iria morrer? – A garota se debatia. Ele mordia com delicadeza a orelha dela – Quer saber por que te deixei por último? Quer saber por que estou prorrogando a sua vida?

– Me solta, monstro! MONSTRO! SOCORRO!

– Não adianta gritar, não há mais ninguém aqui.

– O que você quer de mim, então? – A garota chorava abertamente. Humanos… Sempre tão corajosos… Mas todos ficam absurdamente patéticos quando estão frente a morte.

– Eu quero você. Estou disposto a te transformar no que sou. Estou disposto a te dar uma nova vida. Uma vida eterna. Basta dizer que sim.

– Eu NUNCA vou querer ser como você!

– Tem certeza? É a sua única chance de viver.

– Me mate, então! Prefiro morrer!

Ele beijou lentamente o pescoço da menina, e então mordeu-a. Seu sangue, mais doce do que todos que tinha provado hoje, encheu sua boca e desceu pela garganta. Matou-a lentamente. Saboreou cada gota de seu sangue. E quando a garota morreu, colocou seu corpo cuidadosamente no chão.

Pegou sua mochila na calçada, a camiseta salpicada de sangue largada no meio da rua e os óculos esquecidos em cima de um carro. Juntou os corpos, sem pressa. Empilhou-os, sem cuidado algum. Deixou o da garota no topo. Cobriu-a com a sua camisa. E ateou fogo a pilha de corpos secos. Corpos que nunca seriam encontrados… Distanciou-se do fogo. Era a única coisa que afetava-o. Colocou os óculos e vestiu uma camiseta limpa. Assistiu o fogaréu consumir cada membro empilhado.

Sorriu. Sentia-se cheio. Definitivamente, alguns meses sem comida valeram a pena.

Era isso o que ele era. Um vampiro. Uma máquina de matar. E se orgulhava disso.

Escrito por Haylana Rucker, retirado do blog Make a Wish.


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